domingo, 10 de fevereiro de 2008

XVI Dia Mundial do Doente

Comentário

Ao contrário da generalidade da população, que continua a associar a Santa Unção (Extrema Unção) ao sacramento dos moribundos, os cristãos mais esclarecidos já não ignoram que este sacramento se destina aos doentes, ao seu conforto e fortalecimento espiritual.

Importa, agora, lembrar que a doença assume diversas formas.

A doença contemporânea não é o cancro, que nos assusta, a sida, que prolifera, as doenças cardio-vasculares, que matam lentamente... A doença dos nossos dias e na nossa sociedade é a depressão.

Um quarto dos portugueses sofre já desta doença mental, recorrente e incapacitante, que afecta a vida pessoal, familiar e profissional dos doentes.

Curiosamente, pelas suas características, a ajuda espiritual, culminada e sacralizada na Santa Unção, pode dar, eventualmente, em certos casos, um efectivo contributo para a cura ou o alívio dessa doença ou, pelo menos, de outros estados indevidamente relacionados ou identificados com ela.

Valerá a pena, quiçá, pensarmos em propor a Santa Unção àqueles que estão ou pensam estar a sofrer de depressão nervosa - transtorno depressivo maior. Fortalecidos pelo Espírito Santo, seentirão pelo menos a solicitude e o carinho da Igreja (nossos) por eles e pela sua condição.

Melhor ainda, valeria a pena pensar em organizar - ainda que em termos vicariais - um retiro destinado a pessoas afectadas por formas menos graves desse transtorno. Se possível com orientação científica, para além da espiritual. Tal retiro enquadraria a administração do sacramento.

Seria uma excelente forma de ir ao encontro dos que sofrem.

Seria uma excelente forma de cativar e de ir ao encontro de pessoas em idade activa - que são as maiores vítimas desses distúrbios.
Fica a ideia.
Pedro Cruz


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Fátima ou Kyoto?

Comentário ao postal Fátima ou Kyoto?:

Voltámos, no fundo, ao culto de Gaia.
A associação desta deusa primordial com Maria é teologicamente insustentável à luz do pensamento cristão.
Porém, será legítima, se considerarmos a prática e o discurso de muitos Católicos e de outros adoradores da «Senhora».
Por outro lado, o laicismo esconde, de facto, expressões - na práxis e nas crenças - de religiosidade pagã, pouco consentâneas com a sofisticação e profundidade do pensamento humano nestes séculos de história da Filosofia, da Teologia e da Ciência.
Acresce que, na maior parte das vezes, o laicismo não passa, entre nós - julgo eu -, de um arreigado anti-clericalismo (historicamente justificado), que tem razões quiçá mais fundas do que o próprio jacobinismo (este uma quase-religião pagã).
Por detrás da rejeição «dos padres» e das suas propostas, por detrás de um discurso laicista, mantém-se o medo do desconhecido e a consciência da dignidade e fragilidade do homem, capaz de construir e pensar parcialmente a realidade, mas ciente da transcendência que não controla nem alcança.
Pedro Cruz